17 de julho de 2016
Quando João tinha um ano e meio, fomos a um restaurante
vegetariano. Lá, conheci a Patrícia, sua filha e seu marido. A menina dela estava
com 1 ano e 5 meses. Pela primeira vez, eu ouvi que a amamentação após um ano
de idade não é recomendada. A Patrícia me falou que a pediatra homeopata que
atende sua filha em Campinas disse que entre os malefícios da amamentação
prolongada está a sexualização precoce da criança. Por esse motivo e muitos
outros – não sei quais outros, pois a conversa foi rápida –, ela desmamou a
menina, meio a contragosto.
Cheguei em casa e recorri ao santo Google, com o seguinte
termo-chave: “desmame sexualização precoce”. Encontrei um artigo que diz, justamente, isso: a amamentação
prolongada impacta, negativamente, a sexualidade e os relacionamentos futuros
da criança. Disse mais: “Mas essa relação [a relação “incestuosa” da
amamentação] deve ser proibida a partir de um determinado momento e submetida à
castração para que a criança possa justamente ter acesso ao simbólico e à
linguagem... A separação do desmame é na realidade o reflexo de uma divisão
interna na própria criança que funda o inconsciente e lhe faz entrar na
linguagem, tornar-se falante... [Com o desmame]. A linguagem se desenvolve, ela
passa a se interessar por outros alimentos, outras pessoas, outros objetos,
outras percepções.” Veja aqui.
Àquela ocasião, meu filho testava com 18 meses, idade máxima
que a referida autora estabelece para o desmame. Visão psicanalista. Para
Freud, amamentação é erotização. Discordo dele. Não porque ele foi um homem
falando sobre algo que jamais poderia ter feito. Minha discordância dele não
tem nada a ver com o fato de ele não ter tido mamas carregadas de leite para
nutrir sua cria.
Aquela mãe desmamou a filhinha pressionada por uma médica
freudiana. Perguntei que leite ela estava dando para a menina. “Fórmula”, ela
respondeu. Ah, sim, mamar na teta da indústria pode; mas nos seios da mãe, não.
Ah, sim, dar um leite industrializado, adoçado, agressivo, hostil e proveniente
de uma vaca mecânica pode; amamentar, não. O Aptil de certo fará o bebê falar,
correr, reconhecer o outro, se desenvolver, estar apto para ser autônomo,
perfeitamente, autônomo com apenas 1 ano e 5 meses!
Não desmame seu filho por causa de argumentos equivocados.
Amamentar faz bem, sempre. Amamentação prolongada é fonte de vida e de
sabedoria para os pequenos. Qualquer um que diga o contrário está cometendo um
grave erro, ainda que seja alguém especializado em saúde e fundamentado nas
mais sofisticadas teorias, sejam elas freudianas ou não.
Meu filho está agora com 2 anos e meio, e continua mamando,
para a sorte dele. Os resultados? Não poderiam ser melhores. João nunca ficou doente
(nem mesmo gripe ou febre ou cólica), fala muito bem, além do esperado; ama
pessoas e a vida, segue com suas percepções devidamente desenvolvidas e nutridas,
na fonte certa.
Conheça meu novo blog: Beith Lehem, A Casa do Pão.
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